"Quando vejo o princípio de liberdade em ação, vejo agir um princípio vigoroso, e isto, de início, é tudo que sei. É o mesmo caso de um líquido; os gases que ele contém se liberam bruscamente: para se fazer um julgamento, é necessário que o primeiro movimento se acalme, que o liquido se torne mais claro, e que nossa observação possa ir um pouco além da superfície".
Edmund Burke.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Pare de Acreditar que Dilma era uma coitada! Ela fez a Própria Cova e Golpeou a Si Mesma

Constantemente ouvimos da classe média e intelectual irritante a afirmação de que um golpe de estado levado a cabo pela elite e com aparência de legitimidade jurídica derrubou a então presidente Dilma Roussef, cujo plano de governo satisfazia aos mais pobres e voltava-se às reais necessidades da sociedade martirizada e excluída. Ouvimos também que a economia entrou em crise por fatores exógenos, e que congelar os gastos era o início de uma mudança de ares retrógrada voltada à retirada ampla de direitos. E, não sem importância, também escutamos que todos os apoiadores do impeachment tiveram a ojeriza às classes mais pobres o real fator motivador de sua “ira despótica” contra um governo democrática e legitimamente eleito.

Abaixo, você verá os principais livros que desmistificam e apresentam os equívocos gigantescos destas afirmações – e que nos mostram que a retirada de Dilma Roussef do poder foi a única alternativa diante de uma situação tão catastrófica e que evidenciava um projeto de “argentinização” do estado brasileiro.

O Fim do Brasil

 Publicado ainda em 2014, durante a corrida eleitoral, apresenta a estonteante tese de que as políticas macroeconômicas adotadas a partir de 2009 levaram à morte prematura o Plano Real e mergulharam o Brasil numa crise anunciada e profunda.

 De autoria do economista e especialista em finanças, Felipe Menezes, o livro é uma compilação de outras teses menores apresentadas ao público através do canal YouTube. A obra consegue abordar as principais questões da fatídica política econômica petista do novo tripé macroeconômico, e consegue explicar, de forma sucinta, porque o descalabro econômico que se seguiria tinha causas no próprio modo interno de gerir as coisas do que numa suposta crise internacional. Afinal, enquanto em 2014 o mundo ia, em geral, muito bem obrigado, o brasil já apresentava o fim de um processo de declínio e estagnação social e econômica. Não à toa, o próprio autor chegou a ser censurado pelo então TSE, fato que comoveu á época grande parte dos economistas e jornalistas.

O Mito do Governo Grátis

 Lançado na primavera de 2014 pelo economista e especialista em finanças, Paulo Rabello de Castro, hoje diretor do IBGE, a obra tem sucesso em demonstrar num apanhado de dados concisos as principais características das instituições brasileiras que fazem do país o lugar por excelência do futuro, nunca do presente.

 O autor aborda com perspicácia o funcionamento do estado brasileiro, e, à luz de experiências históricas internacionais, consegue demonstrar como os sucessivos erros de vários presidentes – em especial dos presidentes FHC, Lula e Dilma – nos legaram uma tradição de miséria, escassez, e direitos sociais sem fundos. Num único termo, Paulo Rabello consegue demonstrar como a elite burocrática e político apropriou-se de um Estado gigantesco para consolidar seu poder político através de conchavos e políticas de compadrio, e tudo isto em detrimento dos pagadores de impostos.

 Complacência

 Sem conexão específica com o contexto atual, mas com análises e lições que reverberam com força para a mesma conjuntura, o livro Complacência tem no seu subtítulo o objetivo que o originou e que é plenamente satisfeito à medida que a leitura avança: entenda por que o Brasil cresce menos do que pode.


 De autoria dos economistas Fabio Giambiagi e Alexandre Schwartsman, a obra é sucinta, de fácil leitura e consegue nos explicar o que realmente entrave o deslanche brasileiro para a conquista de maiores patamares de bem estar econômico e social. A causa para tal fenômeno reside nos problemas estruturais – legislação, burocracia, capital humano, baixa produtividade, ambiente ruim e desestimulador para o comércio – e institucionais. A dica mais preciosa do livro: os problemas no Brasil vão se curar com mais capitalismo, Estado enxuto e responsável e livre comércio.

Anatomia de um Desastre

 Livro que reúne crônicas e artigos escritos a partir da primeira eleição de Lula pela economista Claudia Safatle e os jornalistas João Borges e Ribamar Oliveira, a Anatomia de um Desastre destrincha os desmandos e irresponsabilidades que aos poucos  tomaram face na gestão petista, e expuseram a obsessão petista num modelo desenvolvimentista e de acordos políticos baseados em relações impessoais de compadrio que ao fim e ao cabo legaram a atual crise econômica e política aos brasileiros.

 A obra é também interessante pelos bastidores e dados relativamente sigilosos que apresenta a respeito da consecução do processo que derrubou a ex-presidente e revelou toda a mediocridade de uma comandante de seu projeto elitista de manutenção do poder que em nada se diferenciava de governos anteriores, ou do atual governo Temer.

 Como Matar a Borboleta-Azul

 Escrito pela economista Monica de Bolle, a obra que tem como subtítulo uma crônica da Era Dilma é perfeita ao desmistificar a falsa afirmação de que a petista Dilma Roussef possuía profundos conhecimentos de economia real. A economista consegue rastrear as razões da crise nos projetos e decisões da governante enquanto sublinha que a crise que se apodera da sociedade originou-se do próprio governo, contrariamente ao que afirmam seus defensores, que advogam em prol da tese de que a crise suscitou a instabilidade do governo Dilma.

Perigosas Pedaladas

 Publicado pouco tempo após a decisão final de afastamento da presidente Dilma Roussef, o livro do economista e jornalista João Villaverde apresenta detalhadamente os pormenores do processo do impeachment, dos argumentos da acusação e da forma como a defesa da presidente se portou diante das acusações.

 O livro é excelente por desmistificar que a principal razão para o afastamento definitivo da presidente petista deu-se em razão da corrupção. Mais do que isso, as razões de sua derrubada escoram-se solidamente na constituição e na fraude contábil caracterizada pelas pedaladas fiscais e pelos editos de crédito suplementar – os quais, inclusive, conforme demonstra o autor, nunca foram levados a efeito por governos anteriores.

 Reforma Política

 Publicado também em 2014, com o subtítulo de O Debate Inadiável, o livro Reforma Política traz ao leitor um panorama de fácil compreensão acerca dos problemas com os atuais sistemas políticos e partidários e as graves distorções institucionais que daí decorrem. Embora não tenha uma ligação direta com o governo de Dilma Roussef, o livro é preciso ao demonstrar que a reforma sensível e pouco sutil de muitos instrumentos do Estado é mais do que necessária para assegurar à nossa democracia a prosperidade de que tanto necessitamos.

 De acordo com o autor Murillo de Aragão, advogado, sociólogo e cientista político, a ciência política brasileira não está a altura da entender a complexidade de nossa política – constatação agravada pelas heranças históricas deixadas por complicadas alianças, estruturas partidárias, leis ruins e uma constituição ampla demais e que permite interpretações conflitantes sobre o mesmo assunto.

 Década Perdida

 O livro que traz o subtítulo odiado pelo establishment brasileiro Dez anos de PT no poder, de autoria do historiados Marco Antonio Villa, faz uma crítica rigorosa ás administrações de Lula e Dilma, demonstrando os equívocos destes governos decorrentes de uma visão estanque e insuficiente da economia e das necessidades nacionais.

 O principal trunfo da obra é, sem dúvida, o retrato que o autor faz a respeito do processo pelo qual o Partido dos Trabalhadores legrou aparelhar o Estado, a sociedade civil e movimentos sociais com membros e seguidores incautos do partido, a fim de que o partido e o próprio maquinário estatal se tornassem um único e mesmo corpo.

 Petrobrás – Uma História de Orgulho e Vergonha

 O livro da fantástica autora Roberta Paduan exemplifica bem a utilização que foi feita da maior empresa estatal do país durante as eras Lula e Dilma – a instrumentalização da estatal para fins políticos, ideológicos e de manutenção do poder. As dívidas da estatal praticamente quadruplicaram a medida que o governo Dilma avançava em seu primeiro mandato, resultado decorrente da forte intervenção a cúpula de poder petista nas decisões oficiais da empresa, que minava todos os critérios de objetividade e de busca de eficiência da empresa.

 A pesquisa da jornalista brasileira é excelente, rigorosa, rica em detalhes e demonstra como o apadrinhamento e o modelo de estatização da petroleira forneceram o ambiente propício para a instabilidade empresarial do setor e de praticamente, quase por osmose, de todo o setor energético. De quebra, o livro ainda demonstra como apenas o PT foi responsável por surrupiar 200 milhões de reais da companhia, às custas de acionistas e trabalhadores que investiam as rendas de seu FGTS na estatal.

Conclusão


 Longe da verdade, o discurso da elite malfadada associada ao poder estabelecido é totalmente dissociado da realidade empírica. O projeto de poder de Dilma Roussef apresentava aquilo que havia de pior em qualquer regime político: a submissão, a servidão através do controle estatal sobre aspectos importantes e indeléveis da sociedade civil; através da mentira e da manipulação de dados e através do patrimonialismo que, mesmo despercebido e agindo às surdinas, jamais deixou de existir em seu governo. Ante ás circunstâncias e à resiliência da presidente em efetuar as reformas necessárias para os problemas que ela mesma havia causado, sua derrocada e morte final foi o que de melhor aconteceu no epicentro de tamanha crise. 

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