Constantemente ouvimos da
classe média e intelectual irritante a afirmação de que um golpe de estado levado
a cabo pela elite e com aparência de legitimidade jurídica derrubou a então
presidente Dilma Roussef, cujo plano de governo satisfazia aos mais pobres e
voltava-se às reais necessidades da sociedade martirizada e excluída. Ouvimos
também que a economia entrou em crise por fatores exógenos, e que congelar os
gastos era o início de uma mudança de ares retrógrada voltada à retirada ampla
de direitos. E, não sem importância, também escutamos que todos os apoiadores
do impeachment tiveram a ojeriza às classes mais pobres o real fator motivador
de sua “ira despótica” contra um governo democrática e legitimamente eleito.
Abaixo, você verá os
principais livros que desmistificam e apresentam os equívocos gigantescos
destas afirmações – e que nos mostram que a retirada de Dilma Roussef do poder
foi a única alternativa diante de uma situação tão catastrófica e que
evidenciava um projeto de “argentinização” do estado brasileiro.
O
Fim do Brasil
Publicado ainda em 2014, durante a corrida
eleitoral, apresenta a estonteante tese de que as políticas macroeconômicas
adotadas a partir de 2009 levaram à morte prematura o Plano Real e mergulharam
o Brasil numa crise anunciada e profunda.
De autoria do economista e especialista em
finanças, Felipe Menezes, o livro é uma compilação de outras teses menores
apresentadas ao público através do canal YouTube. A obra consegue abordar as
principais questões da fatídica política econômica petista do novo tripé
macroeconômico, e consegue explicar, de forma sucinta, porque o descalabro
econômico que se seguiria tinha causas no próprio modo interno de gerir as
coisas do que numa suposta crise internacional. Afinal, enquanto em 2014 o
mundo ia, em geral, muito bem obrigado, o brasil já apresentava o fim de um
processo de declínio e estagnação social e econômica. Não à toa, o próprio
autor chegou a ser censurado pelo então TSE, fato que comoveu á época grande
parte dos economistas e jornalistas.
O
Mito do Governo Grátis
Lançado na primavera de 2014
pelo economista e especialista em finanças, Paulo Rabello de Castro, hoje
diretor do IBGE, a obra tem sucesso em demonstrar num apanhado de dados
concisos as principais características das instituições brasileiras que fazem
do país o lugar por excelência do futuro, nunca do presente.
O autor aborda com perspicácia o funcionamento
do estado brasileiro, e, à luz de experiências históricas internacionais,
consegue demonstrar como os sucessivos erros de vários presidentes – em
especial dos presidentes FHC, Lula e Dilma – nos legaram uma tradição de
miséria, escassez, e direitos sociais sem fundos. Num único termo, Paulo
Rabello consegue demonstrar como a elite burocrática e político apropriou-se de
um Estado gigantesco para consolidar seu poder político através de conchavos e
políticas de compadrio, e tudo isto em detrimento dos pagadores de impostos.
Complacência
Sem conexão específica com o
contexto atual, mas com análises e lições que reverberam com força para a mesma
conjuntura, o livro Complacência tem
no seu subtítulo o objetivo que o originou e que é plenamente satisfeito à
medida que a leitura avança: entenda por
que o Brasil cresce menos do que pode.
De autoria dos economistas Fabio Giambiagi e
Alexandre Schwartsman, a obra é sucinta, de fácil leitura e consegue nos
explicar o que realmente entrave o deslanche brasileiro para a conquista de
maiores patamares de bem estar econômico e social. A causa para tal fenômeno
reside nos problemas estruturais – legislação, burocracia, capital humano,
baixa produtividade, ambiente ruim e desestimulador para o comércio – e
institucionais. A dica mais preciosa do livro: os problemas no Brasil vão se
curar com mais capitalismo, Estado enxuto e responsável e livre comércio.
Anatomia
de um Desastre
Livro que reúne crônicas e
artigos escritos a partir da primeira eleição de Lula pela economista Claudia
Safatle e os jornalistas João Borges e Ribamar Oliveira, a Anatomia de um Desastre destrincha os desmandos e
irresponsabilidades que aos poucos
tomaram face na gestão petista, e expuseram a obsessão petista num
modelo desenvolvimentista e de acordos políticos baseados em relações
impessoais de compadrio que ao fim e ao cabo legaram a atual crise econômica e
política aos brasileiros.
A obra é também interessante pelos bastidores
e dados relativamente sigilosos que apresenta a respeito da consecução do
processo que derrubou a ex-presidente e revelou toda a mediocridade de uma
comandante de seu projeto elitista de manutenção do poder que em nada se
diferenciava de governos anteriores, ou do atual governo Temer.
Como
Matar a Borboleta-Azul
Escrito pela economista
Monica de Bolle, a obra que tem como subtítulo uma crônica da Era Dilma é perfeita ao desmistificar a falsa
afirmação de que a petista Dilma Roussef possuía profundos conhecimentos de
economia real. A economista consegue rastrear as razões da crise nos projetos e
decisões da governante enquanto sublinha que a crise que se apodera da
sociedade originou-se do próprio governo, contrariamente ao que afirmam seus
defensores, que advogam em prol da tese de que a crise suscitou a instabilidade
do governo Dilma.
Perigosas
Pedaladas
Publicado pouco tempo após a
decisão final de afastamento da presidente Dilma Roussef, o livro do economista
e jornalista João Villaverde apresenta detalhadamente os pormenores do processo
do impeachment, dos argumentos da acusação e da forma como a defesa da
presidente se portou diante das acusações.
O livro é excelente por desmistificar que a
principal razão para o afastamento definitivo da presidente petista deu-se em
razão da corrupção. Mais do que isso, as razões de sua derrubada escoram-se
solidamente na constituição e na fraude contábil caracterizada pelas pedaladas
fiscais e pelos editos de crédito suplementar – os quais, inclusive, conforme
demonstra o autor, nunca foram levados a efeito por governos anteriores.
Reforma Política
Publicado também em 2014, com o subtítulo de O Debate Inadiável, o livro Reforma Política traz ao leitor um
panorama de fácil compreensão acerca dos problemas com os atuais sistemas
políticos e partidários e as graves distorções institucionais que daí decorrem.
Embora não tenha uma ligação direta com o governo de Dilma Roussef, o livro é
preciso ao demonstrar que a reforma sensível e pouco sutil de muitos
instrumentos do Estado é mais do que necessária para assegurar à nossa
democracia a prosperidade de que tanto necessitamos.
De acordo com o autor Murillo de Aragão,
advogado, sociólogo e cientista político, a ciência política brasileira não
está a altura da entender a complexidade de nossa política – constatação agravada
pelas heranças históricas deixadas por complicadas alianças, estruturas
partidárias, leis ruins e uma constituição ampla demais e que permite
interpretações conflitantes sobre o mesmo assunto.
Década
Perdida
O livro que traz o subtítulo
odiado pelo establishment brasileiro Dez
anos de PT no poder, de autoria do historiados Marco Antonio Villa, faz uma
crítica rigorosa ás administrações de Lula e Dilma, demonstrando os equívocos
destes governos decorrentes de uma visão estanque e insuficiente da economia e
das necessidades nacionais.
O principal trunfo da obra é, sem dúvida, o
retrato que o autor faz a respeito do processo pelo qual o Partido dos
Trabalhadores legrou aparelhar o Estado, a sociedade civil e movimentos sociais
com membros e seguidores incautos do partido, a fim de que o partido e o
próprio maquinário estatal se tornassem um único e mesmo corpo.
Petrobrás
– Uma História de Orgulho e Vergonha
O livro da fantástica autora
Roberta Paduan exemplifica bem a utilização que foi feita da maior empresa
estatal do país durante as eras Lula e Dilma – a instrumentalização da estatal
para fins políticos, ideológicos e de manutenção do poder. As dívidas da
estatal praticamente quadruplicaram a medida que o governo Dilma avançava em
seu primeiro mandato, resultado decorrente da forte intervenção a cúpula de
poder petista nas decisões oficiais da empresa, que minava todos os critérios
de objetividade e de busca de eficiência da empresa.
A pesquisa da jornalista brasileira é
excelente, rigorosa, rica em detalhes e demonstra como o apadrinhamento e o
modelo de estatização da petroleira forneceram o ambiente propício para a
instabilidade empresarial do setor e de praticamente, quase por osmose, de todo
o setor energético. De quebra, o livro ainda demonstra como apenas o PT foi
responsável por surrupiar 200 milhões de reais da companhia, às custas de
acionistas e trabalhadores que investiam as rendas de seu FGTS na estatal.
Conclusão
Longe da verdade, o discurso
da elite malfadada associada ao poder estabelecido é totalmente dissociado da
realidade empírica. O projeto de poder de Dilma Roussef apresentava aquilo que
havia de pior em qualquer regime político: a submissão, a servidão através do
controle estatal sobre aspectos importantes e indeléveis da sociedade civil;
através da mentira e da manipulação de dados e através do patrimonialismo que,
mesmo despercebido e agindo às surdinas, jamais deixou de existir em seu
governo. Ante ás circunstâncias e à resiliência da presidente em efetuar as reformas
necessárias para os problemas que ela mesma havia causado, sua derrocada e
morte final foi o que de melhor aconteceu no epicentro de tamanha crise.
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