"Quando vejo o princípio de liberdade em ação, vejo agir um princípio vigoroso, e isto, de início, é tudo que sei. É o mesmo caso de um líquido; os gases que ele contém se liberam bruscamente: para se fazer um julgamento, é necessário que o primeiro movimento se acalme, que o liquido se torne mais claro, e que nossa observação possa ir um pouco além da superfície".
Edmund Burke.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Você sabe como a Venezuela foi chegar onde chegou?

Crise energética com frequentes apagões e desabastecimentos diários de energia, acompanhada de uma inflação de quase 700% em relação ao início das medições históricas[1], além de falta de alimentos e produtos básicos – eis o diagnóstico atual da República Bolivariana da Venezuela. 

 Sem dúvida, a crise no país parece apresentar o pior momento de toda sua história. Como foi possível, no entanto, que tudo isto viesse a ocorrer? Abaixo, segue uma recapitulação dos passos adotados principalmente por Hugo Chávez em seus sucessivos governos que legaram a seu tão amado povo as agruras infindáveis que enfrenta agora.

Tentativa de Golpe e Subida ao Poder

 Em 1992, quando tenente coronel do exército da Venezuela, Chávez esteve à frente de um golpe militar frustrado contra o então presidente Carlos Andrés Perez. Mesmo com o apoio de 10% das Forças Armadas, o fundador do Movimento Bolivariano Revolucionário 200 (MBR-200) foi reconduzido ao Centro Penitenciário de Yare, não sem antes deixar ao público uma falsa imagem de herói nacional corajoso e destemido[2].  

 No ano seguinte, após o impeachment de Perez, acendeu ao poder Rafael Caldera, representante do maior partido liberal da Venezuela, responsável por levar adiante reformas estruturais de cunho econômico importantes para lidar com as altas taxas de inflação e desemprego legadas por seu antecessor[3]. Em 1995, concedeu a anistia ao líder militar, o qual, livre, passou a reunir-se com Douglas Bravo, líder do Partido da Revolução Venezuelana, com quem fundou um novo grupo revolucionário, o Movimento V República, ou MRV. Escolhido como candidato à presidência pelo mesmo em 1998, foi eleito ao cargo com um discurso de continuidade das medidas econômicas então adotadas por Caldeira, associadas a políticas assistenciais de inclusão social. Seu maior trunfo, no entanto, era um projeto de nova constituição que contemplava a criação de um novo Tribunal Superior de Justiça que atuaria de forma independente para garantia máxima dos direitos fundamentais[4] - assim como todos os seus oponentes sabiam, o foco maior das reivindicações populares dizia respeito à corrupção e o controle do judiciário pelos poderes executivo e legislativo[5].Segundo a ONG Human’s Right Watch, o texto representava uma das legislações mais avançadas da América Latina em termos de proteção à pessoa[6].

Medidas Políticas e Econômicas

 Mesmo com uma inflação beirando os 100% ainda em 1996, a Venezuela entraria no século XX como o país mais rico de toda a América Latina[7], cujas finanças, toleravelmente bem controladas na gestão de Caldera, provinham da extração e exportação do petróleo.

 Até meados de 2005, a economia manteve-se em equilíbrio, apresentando ao final daquele ano o maior PIB per capita da América Latina[8]. A popularidade do líder bolivariano também seguia em alta, com cerca de 70% de aprovação, que pesou fortemente quando da tentativa de sua deposição, em 2002, num golpe de estado fracassado que esteve em curso por apenas 40 horas[9].

 Mesmo ao sopro de ventos prósperos, os gastos públicos foram crescentes desde os primeiros anos de seu governo. A receita fiscal já apresentava redução em 2008, ano de alta histórica do preço do petróleo. A principal causa devia-se à queda de produção da principal e única petrolífera venezuelana, que passou a exportar 2,7 milhões de barris por dia em 2011, contra 3,3 milhões 5 anos antes[10]. Esta por sua vez, segundo especialistas, tinha sua origem no sucateamento dos processos de extração e refino do petróleo, cuja estagnação tecnológica, decorrente da ausência do fator concorrencial e da subida de preços de bens importados, foi determinante para a redução da produtividade de todo o processo petrolífero em âmbito nacional. A estagnação foi tanta que, para lidar com as demandas internas antes atendidas, o país teve de passar a importar o combustível fóssil direto dos Estados Unidos.

 Concomitante a isto, a partir de 2004 iniciou o “El Comandante” um processo gigantesco de expropriações de empresas privadas, terras e latifúndios. Estima-se que, entre o período que vai de 2004 a 2013, 3,6 milhões de hectares foram forçosamente desapropriados como forma de tornar produtivas terras consideradas ociosas[11]. A polêmica ganhou contornos internacionais ainda em 2010 quando a Assembleia Nacional da Venezuela aprovou texto que autorizava a expropriação de terrenos considerados ociosos ou que tivessem sido cedidos a terceiros cuja finalidade demonstrava “utilização contrária aos planos nacionais de desenvolvimento e segurança agroalimentar[12]”.


 Também saltam à vista as inúmeras nacionalizações ocorridas no país a partir da segunda reeleição de Chavez, em 2007. Desde sua eleição ainda em 1999, até o ano de 2010, mais de 400 nacionalizações já haviam ocorrido[13]. Só naquele ano, mais de 200 nacionalizações haviam sido praticadas, sendo uma das mais famosas e conturbadas a estatização da subsidiária “Owens-Illinois”[14].E o detalhe estarrecedor deste processo, segundo depoimento da Câmara do Comércio Venezuelana-Americana concedido no final de 2010, é que apenas 9 das 44 firmas expropriadas associadas a ela tiveram seus donos recompensados[15].

 O principal motivo destas ações de fundo autoritário se dava, na opinião do próprio presidente, pela tentativa de construir o socialismo na Venezuela a partir do controle estrito de setores estratégicos do país[16]. No grande comício televisionado após sua vitória em 2007, El Comandante chegou a declarar: “Tudo aquilo que foi privatizado, será nacionalizado [...] Nós estamos nos dirigindo rumo ao socialismo, e nada nem ninguém poderá nos deter [...] eu estou realmente no rumo de [Leon] Trostky - da revolução permanente[17]”. Não à toa, ao final da década passada, os setores do petróleo e eletricidade, telecomunicações, alimentação e distribuição alimentícia, indústria de cimento e produção de ferro e até um quarto do sistema bancário estavam sob dirigismo central dos burocratas chavistas.

 Em pouco tempo as implicações negativas intrínsecas a tais medidas econômicas começaram a vir a público. Antes da virada para a nova década dos anos 2000, a inflação já voltava a assustar com forte alta avaliada em 11,3%[18]. De forma a combatê-la, além do controle de preços sobre combustíveis e eletricidades, Chavez determinou a criação de uma unidade socialista de produção e distribuição de alimentos – a PDVA, filial da empresa nacional de petróleo PDVSA, tornou-se responsável pela distribuição de gêneros alimentícios importados no país[19], ao passo que a produção de alimentos processados passou a ser responsabilidade da empresa Monaca, ex filial mexicana expropriada pelo líder também em 2010[20]. Juntamente a isso, proibiu que camelôs vendessem alimentos para tentar segurar a alta dos preços[21]. A situação tornou-se vexatória quando, em junho do mesmo ano, 120 mil toneladas de comida estragada foram encontradas na sede da companhia PDVA[22] – claro indício da impossibilidade de realizar um cálculo preciso de preços de produção e distribuição de alimentos num contexto em que há a falta de referências obviamente fornecidas por um sistema de preços livres.

 Para piorar o déficit fiscal que continuava em franca ascensão, a crise do setor energético no país surgiu com força ainda em 2009, tornando as condições de produção interna de alimentos e bens de capital ainda mais difíceis[23]. Cortes de luz, racionamentos, medidas de contenção passaram a fazer parte do cotidiano dos cidadãos venezuelanos, juntamente com a carestia de alimentos básicos[24]. Como consequência, o abastecimento de alimentos, já precário, sofreu novo golpe em razão da paralisação dos setores do agronegócio e da distribuição ineficiente de gêneros alimentícios[25]. A saída foi importar: apenas do Brasil, as importações subiram 858% entre 2008 e 2012[26], legando um déficit de quase USD $ 3 bilhões aos venezuelanos ao fim daquele ano[27].

 Atualmente, a situação da Venezuela, mais do que em frangalhos, está em situação de calamidade. A corrupção atinge largamente todos os setores em decorrência do controle de preços e da oferta descontrolada de moeda[28]; há pouca transparência nas tomadas de decisão por parte de agentes políticos, e os custos do governo chagaram a patamares que apenas pioram a inflação é o déficit fiscal[29].O desabastecimento de alimentos e a fome generalizada tende a persistir.

Controle sobre o Judiciário e o Legislativo

 A situação também é gritante quando voltamos os olhos para o controle do executivo sobre as demais esferas do poder público. Regredindo no tempo, pouco após tomar posse em 1999, Chavez encabeçou medidas para alterar a constituição de 1961, então vigente, que impedia a reeleição do político eleito. Através de um decreto presidencial, um referendo foi convocado, cujo resultado autorizou a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte com o objetivo de alterar o Estado e fundar um novo ordenamento jurídico que permitisse criar uma “democracia social e participativa[30]”. Nas eleições para a Assembleia, por meio de uma manobra política, aliados de Chavez conseguiram 123 das 131 cadeiras da Assembleia[31].

 Durante a reunião dos parlamentares, autorizou-se a concentração dos poderes clássicos do Estado em um único corpo, considerado soberano e cujo funcionamento era suficiente par decretar as medidas necessárias para enfrentar a situação de emergência que vivia o país[32]. Depositária da Vontade Popular, a Assembleia obteve em si e no presidente todo o poder necessário para reorganizar o Estado Venezuelano, concedendo, deste modo, uma carta branca para que a presidência pudesse intervir no legislativo e no judiciário[33]: em 12 de agosto daquele ano, é lançado um decreto mediante o qual se ratifica a organização e sujeição de todos os poderes do Estado ao “Poder Originário”, fonte de todo o poder e lhe autorizando a intervir, modificar ou suspender os órgãos do poder público conforme o próprio consentimento[34].

 Mais tarde, a Assembleia promulga a Comissão de Emergência Judicial, que terminaria a tarefa de estabelecer a regulação do poder judiciário e estabelece outro decreto destinado a fazer o mesmo com o poder legislativo[35]. Juízes cujo patrimônio não condiziam com suas rendas foram automaticamente suspensos e centenas de juízes no país foram destituídos[36]. Promulgada em 30 de dezembro de 1999, a Nova Constituição ratificou o pleno poder do executivo sobre os demais poderes, a Controladoria Geral da República, a Receita Federal e o Conselho Nacional Eleitoral[37]. Um golpe de estado com fachada jurídica estava assim constituído.

 Nos termos da HRW, desde 2004, o Supremo Tribunal transformou-se num tribunal complacente com as medidas políticas descabidas de Hugo Chávez[38]. Naquele ano, a maioria dos juízes do órgão foram despachados e 12 novos, de alinhamento claramente chavista, foram incorporados, transformando o poder judiciário num mero apêndice do executivo[39].



Todo este controle manifestou-se na perseguição a imprensa livre e aos opositores. Segundo relatório do Departamento de Estado norte-americano, divulgado em 2012, Chavez valia-se o poder judiciário para intimidar e perseguir líderes políticos, sindicais, empresariais e da sociedade civil[40]. Em 2010, a Associação Internacional de Radiofusão (AIR), denunciou a perseguição do líder venezuelano aos meios privados de difusão de informações[41]. No mesmo ano, por exemplo, por decisão judicial, todas as emissoras ficaram proibidas de difundir qualquer imagem sobre a violência policial em manifestações[42].

Conclusão

 Hugo Chávez representa perfeitamente o tirano populista, que personaliza a ditadura sob seu comando com um viés patronal, ao mesmo tempo que se vale de todos os meios –legais e ilegais – para manter-se no poder. Tornou-se evidente a utilização da principal empresa nacional, a PDVSA para fins políticos, como o controle de outras companhias associadas, a captação de recursos financeiros para o próprio partido e sua mera instrumentalização, tal como fora feito no Brasil com a Petrobrás, diante de uma crescente crise nacional.

 As nacionalizações também seguiram pelo mesmo caminho. A partir de uma constituição terrível e deteriorada, a propriedade privada foi praticamente esquecida quando “El Comandante” passou a enumerar as mais criativas desculpas que justificassem as expropriações. O controle do poder total do governo em suas mãos progrediu a medida que convencia, principalmente seus eleitores, de que era possível distribuir vantagens e benefícios indiscriminadamente a todos sem causar custo algum a parte alguma do país. Este mito do “governo grátis”, aliado a medidas econômicas socialistas catastróficas, como o dirigismo segundo um órgão central incapaz de deter em si todas as informações necessárias para a tomada racional de decisões, compõem a causa principal do desastre venezuelano que assistimos hoje. Representa, sem sombra de dúvida, o ponto de chegada a que todos os países que seguem a mesma fórmula estão sujeitos: medidas populares, aumento dos gastos, maior controle e intervenção governamental, perseguição a opositores, concentração dos veículos de notícias, imposição sobre os demais poderes do corpo político - a receita que todo governo "bom e que busca a justiça social" acaba seguindo. Enfim, eis o legado do “milico golpista” Hugo Chávez.



[1] http://g1.globo.com/hora1/noticia/2016/05/venezuela-enfrenta-crise-energetica-alta-violencia-e-inflacao-de-ate-700.html
[2] https://www.institutoliberal.org.br/blog/solapando-a-democracia-como-hugo-chavez-deu-um-golpe-de-estado-com-fachada-juridica/
[3] Ibidem.
[4] http://aindaamoscaazul.blogspot.com.br/2008/09/hugo-chvez-toma-o-controle-do-poder.html
[5]
[6] https://noticias.terra.com.br/mundo/hrw-diz-que-judiciario-da-venezuela-e-politicamente-controlado-pelo-chavismo,d1746e4edcc779bb9de6c33ddc1cbc24jdx8r9tf.html
[7] http://www.infomoney.com.br/bloomberg/mercados/noticia/4251173/como-hugo-chavez-destruiu-economia-mais-rica-america-latina
[8] http://www.infomoney.com.br/bloomberg/mercados/noticia/4251173/como-hugo-chavez-destruiu-economia-mais-rica-america-latina
[9] https://www.institutoliberal.org.br/blog/solapando-a-democracia-como-hugo-chavez-deu-um-golpe-de-estado-com-fachada-juridica/
[10] http://www.infomoney.com.br/bloomberg/mercados/noticia/4251173/como-hugo-chavez-destruiu-economia-mais-rica-america-latina
[11] http://exame.abril.com.br/mundo/venezuela-continuara-com-politica-de-expropriacoes-de-terras/
[12] http://www1.folha.uol.com.br/mundo/752431-na-venezuela-lei-aprovada-por-chavez-facilita-expropriacao-agraria.shtml
[13] http://opiniaoenoticia.com.br/sem-categoria/onda-de-nacionalizacoes-na-venezuela-promete-escassez-e-declinio/
[14] http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,eua-esperam-que-venezuela-indenize-empresa-estatizada,630178
[15] http://opiniaoenoticia.com.br/sem-categoria/onda-de-nacionalizacoes-na-venezuela-promete-escassez-e-declinio/
[16] http://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/outras-palavras/venezuela-politicas-economicas-nacionalizacoes-e-reducao-da-pobreza/
[17] https://www.wsws.org/pt/2007/jan2007/port-j24.shtml
[18] http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,chavez-expropria-mais-uma-empresa-de-alimentos-na-venezuela,18221e
[19] http://www.jornal.ceiri.com.br/ru/politica-internacional-escandalo-dos-alimentos-pode-afetar-eleicoes-legislativas-na-venezuela/
[20] http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,chavez-expropria-mais-uma-empresa-de-alimentos-na-venezuela,18221e
[21] http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,chavez-expropria-mais-uma-empresa-de-alimentos-na-venezuela,18221e
[22] https://noticias.terra.com.br/mundo/america-latina/venezuela-abandona-100-mil-t-de-comida-podre-em-porto,f9d9be14db92b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
[23] http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2010-03-18/governo-da-venezuela-nega-risco-de-desabastecimento-de-alimentos-por-causa-do-racionamento-de-energia
[24] http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2010-03-18/governo-da-venezuela-nega-risco-de-desabastecimento-de-alimentos-por-causa-do-racionamento-de-energia
[25] Ibidem
[26] http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,o-preco-de-aceitar-a-venezuela,378132
[27] http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2010-03-18/governo-da-venezuela-nega-risco-de-desabastecimento-de-alimentos-por-causa-do-racionamento-de-energia
[28] http://brasil.elpais.com/brasil/2014/12/03/internacional/1417639233_318921.html
[29] http://www.heritage.org/index/country/venezuela?ac=1
[30] https://www.epochtimes.com.br/como-hugo-chavez-deu-golpe-estado-com-fachada-juridica/#.WCOO61UrL3h
[31] http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft13089901.htm
[32] Ibidem
[33] http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft31089901.htm
[34] https://www.epochtimes.com.br/como-hugo-chavez-deu-golpe-estado-com-fachada-juridica/#.WCOSSFUrL3i
[35] https://www.epochtimes.com.br/como-hugo-chavez-deu-golpe-estado-com-fachada-juridica/#.WCOSSFUrL3i
[36] http://aindaamoscaazul.blogspot.com.br/2008/09/hugo-chvez-toma-o-controle-do-poder.html
[37] https://www.oas.org/juridico/mla/sp/ven/sp_ven-int-const.html
[38]http://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080919_venezuela_human_rights2_dg.shtml
[39] http://aindaamoscaazul.blogspot.com.br/2008/09/hugo-chvez-toma-o-controle-do-poder.html
[40]http://portalimprensa.com.br/noticias/internacional/50114/eua+denuncia+perseguicao+a+imprensa+na+venezuela
[41] http://www2.blogdomurillodearagao.com.br/venezuela-air-condena-perseguicao-de-chavez-a-imprensa/
[42] http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/08/associacao-de-radiodifusao-condena-a-perseguicao-de-chavez-a-imprensa.html

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